terça-feira, 10 de setembro de 2013

A AZU na jornada antinuclear de Almaraz, em 8.9.2013

Cerrar Almaraz y todas las demás
Foi esta a palavra de ordem ouvida ontem, domingo, dia 8 de Setembro, em Navalmoral de la Mata, cidade mais próxima da central nuclear espanhola de Almaraz, construída nas margens do rio Tejo, muito perto da fronteira com Portugal.
Ao apelo de várias organizações ambientalistas espanholas, como foi o caso da ADENEX e dos Ecologistas en Acción, compareceram partidos políticos, como a Izquierda Unida e o EQUO, e mais de três centenas de manifestantes.

No protesto participou uma delegação da Associação Ambiente em Zonas Uraníferas (AZU), a qual, através do seu presidente, António Minhoto, deu o seu contributo para a conferência de imprensa realizada à porta da central nuclear e interveio no comício realizado no final da manifestação.
Os representantes das várias organizações insistiram nos perigos da opção, em termos energéticos, pelo nuclear, perigos esses já por demasiadas vezes materializados através dos gravíssimos impactos ambientais e dos milhares de vítimas mortais ou com malformações nos recém nascidos, como sucedeu nos casos mais mediáticos de Chernobyl e Fukushima, mas também na própria região de Almaraz, aquando da fuga de material radioativo em 1988. Mais foi denunciado que as avarias nestas centrais acontecem com preocupante frequência, no caso particular de Almaraz, com as consequências negativas que advêm para o ambiente e para o rio Tejo, e que, sempre que sucedem, são desvalorizadas ou omitidas pelos responsáveis da central.
No caso português, os perigos são evidentes, dado que as águas do Tejo servem várias populações e a própria cidade de Lisboa.  
Foram ainda defendidas as alternativas energéticas vantajosas do ponto de vista económico e sem impactos ambientais negativos, para além de ter sido demonstrado que é uma falsa questão o facto de o encerramento da central nuclear poder contribuir para o aumento do desemprego na região. 
Na sua intervenção na conferência de imprensa, António Minhoto – não deixando de sublinhar a necessidade do combate conjunto dos povos português e espanhol, a exemplo da luta solidária do passado contra as ditaduras fascistas de Salazar e Franco – também se referiu aos drásticos impactos da energia nuclear, não esquecendo o legado negativo da extração de urânio em Portugal, quer no ambiente, quer na vida humana, e chamou a atenção para o facto de a existência das centrais nucleares estar condicionada à extração daquele minério, pelo que é fundamental que, a montante, se acabe de vez com a extração nas zonas uraníferas.
A AZU deu a conhecer e aproveitou para convidar as organizações presentes para outras iniciativas, como são os casos do próximo “Vogar Contra a Indiferença”, que se vai realizar em defesa do rio Tejo, e que inclui, nos seus objectivos, o alerta para o perigo que constitui a central nuclear de Almaraz, iniciativa que terá a sua 4ª edição no próximo dia 19 de outubro, e que consistirá numa descida de canoa no Tejo, com início nas Portas de Ródão, pelo simbolismo do local, dado que em Vila Velha de Ródão estão instaladas fábricas de celulose, com o conhecido impacto ambiental negativo; e do Encontro em Defesa da Água como um Bem Público, que se realizará em 2014, contra a privatização da água e contra a poluição de que são alvo os rios portugueses.

Viseu, 9 de setembro de 2013,

O Presidente da Associação Ambiente em Zonas Uraníferas,

                   António Minhoto

1 comentário:

  1. Fui um dos portugueses que participou na jornada antinuclear de Almaraz. Uma coisa é o conhecimento, vá lá, teórico, outra coisa é contactar a realidade no terreno. E no terreno fica-se a conhecer que Fukushima é desgraça que pode não acontecer só aos outros, longe daqui. Também se fica a conhecer que vale tudo para os donos do mundo, no caso concreto, do lobby que ganha à conta do nuclear (que se lixem o ambiente e a vida humana quando outros valor€$ mais alto se "alevantam").
    Não esquecer que, como diz o comunicado da AZU, as centrais nucleares só são possíveis se a montante existir a exploração de urânio.

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